Servir ao Senhor é um
privilégio e um desafio. Entender o que é êxito na vida ministerial faz parte
do desafio. Alguns procuram métodos, modelos, inspirações e chegam a imitar pastores
midiáticos no agir ou falar. Sobre a busca pela relevância, Nouwen faz uma
abordagem intrigante sobre este assunto e sugiro a leitura do primeiro capítulo
de seu livro.[1] Quem
deve ser modelo para um líder? Para quem deve olhar? Homens que têm boas
posturas podem ser o foco da inspiração?
A Bíblia ensina sobre o
perfil do líder, o que Deus espera dele: ter boa reputação e ser cheio do
Espírito e de sabedoria (At 6.1-7). Há uma tendência dos homens de venerar
outros homens e Paulo rechaça essa iniciativa; como em Listra, quando tentaram adorá-lo
(At 14), e na igreja de Corinto, onde os crentes estavam, de certa forma, venerando
homens (1Co 3). A esta igreja, Paulo diz que homens são apenas servos e
cooperadores. Será um desastre toda iniciativa de colocar um homem no lugar que
não deve ocupar.
No livro “Que tipo de
líder Deus usa?”[2],
Russell Shedd defende que, embora homens possam dar bons exemplos, não é
necessário imitá-los em seus gestos, falas ou métodos. É bem verdade que Paulo
disse: “Sejam meus imitadores”, mas o contexto (1Co 10.23-33) é
totalmente esclarecedor; a finalidade do comportamento do crente é a glorificação
de Deus (31). Para não restar dúvida, ele afirma que deve ser imitado tão
somente por ser imitador de Cristo (1Co 11.1). São do mesmo apóstolo as
seguintes palavras: “Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar
alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência
vem de Deus” (2Co 3.5) e, ainda, “... pela graça de Deus, sou o que
sou...” (1 Co 15.10). Na mesma linha, John Stott afirma que “o pregador
cristão fica mais satisfeito quando sua pessoa é ofuscada pela luz que brilha
das Escrituras e sua voz é abafada pela voz de Deus”.[3]
Na história, Deus
escolheu cada homem com suas respectivas características e capacidades. Eles tiveram
ministérios, alcances e resultados claramente diferentes. As peculiaridades de Pedro,
Paulo, Barnabé e Silas foram usadas por Deus em seus planos. As características
de Knox, Spurgeon, Owen e Whitefield foram determinantes para os propósitos
divinos no contexto de cada um. Assim também é comigo e com você! Deus nos convocou
para um mesmo projeto, mas para atuarmos de forma diferente e alcançar os resultados
que Ele quer, por meio de nós. Concordo com Shedd quando diz que Deus escolhe e
molda o caráter dos homens e mulheres que Ele quer para liderar seu povo[4].
Dedique-se ao estudo da
Palavra, seja fiel à sua interpretação, leia bons livros, faça cursos teológicos
e, se possível, participe de congressos. São excelentes recursos e servirão de auxílio
na concretização de um ministério relevante, no qual Deus o usará com suas
características. Paralelamente, busque viver em plena sintonia e intimidade com
Deus, mantendo uma vida de oração e dedicação ao Senhor. Como diz Baxter, “a
transpiração não substitui a inspiração”.[5]
Que sigamos no
ministério, com o foco no Senhor.
[1] NOUWEN, Henri J. M. O
Perfil do Líder Cristão do Século XXI. Curitiba: Atos, 2002.
[2] SHEDD, Russel P. O
Líder que Deus Usa. São Paulo: Vida Nova, 2000.
[3] STOTT, John R. W. O
Perfil do Pregador. São Paulo: Vida Nova, 2011, pg 27
[4] SHEDD, Russel P. O
Líder que Deus Usa. São Paulo: Vida Nova, 2000, pg 9.
[5] BAXTER, Richard. O Pastor
Aprovado. São Paulo: PES, 2013, pg 50.
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