A vida do homem é muito
dinâmica. A tecnologia nos proporcionou mais facilidade, praticidade e
versatilidade. Muita coisa tem se tornado mais simples bastando um simples
clique e pronto, o Uber chega, a reserva de um hotel é feita, você fica
informado sobre o saldo da sua conta, um parente recebe notícias suas, você
chega a qualquer lugar do Brasil pela primeira vez... bom, estou falando da
praticidade que o celular nos proporciona. É tudo tão natural que não
percebemos o quanto dependemos dele. A verdade é que a dependência não está
apenas no aparelho de celular. A dependência está associada à nossa vida.
Dependemos de equipamentos para realizarmos algumas atividades, de pessoas para
algumas ações, da boa saúde para realização de algumas tarefas, do cônjuge para
alguns compromissos, dos filhos para um favor, enfim, a dependência faz parte
da nossa vida.
A nossa vida ministerial não
é diferente. Dependemos de equipamentos, pessoas, saúde, amigos, mas
principalmente dependemos de Deus. Não realizamos o ministério tão somente com
boa vontade, equipamentos, livros, pessoas cooperadoras... todos estes
elementos fazem parte, mas não é a base do ministério. A dependência no Senhor
é que faz com que tenhamos um ministério frutífero e bem-sucedido. Não há êxito
no ministério se não houver total dependência do Senhor. A dependência é um
exercício precioso e altamente necessário.
Josafá foi um dos reis de
Judá, sendo sucessor de seu pai Asa. É muito interessante olhar para a vida de
Josafá e aprender com ele esta tão boa e eficiente dependência. Sua postura
mediante um grande desafio, talvez o maior que ele tivera até então, foi
essencial para que ele lograsse êxito.
Houve uma grande adversidade
na vida de Josafá e esta ocasião foi um bom exercício para ele exercer sua
dependência de Deus. Não é verdade que somente grandes adversidades nos levarão
a depender do Senhor; dependemos do Senhor em tudo. Mas esta ocasião do rei Josafá,
relatada em 2Crônicas 20, foi sem dúvida uma de suas maiores adversidades
registradas na Bíblia.
É interessante observar que
Josafá foi um homem que andou nos caminhos do Senhor. Ele seguiu o bom exemplo
de seu pai Asa e exerceu o seu governo de forma profícua (2Cr 20.31-33). Isso
mostra algo interessante: as adversidades farão parte da vida de um servo de
Deus, independente da piedade e devoção que ele tenha para com Deus. Não é
apenas nesta ocasião que Josafá mostra ser um homem piedoso e que buscava ter
uma vida de dependência do Senhor. No capítulo 19 vemos que ele era um homem
que buscava fazer o que era reto; ele fez uma renovação religiosa (19.4),
indicou juízes e outros oficiais (19.5-11).
Nos capítulos anteriores
vemos que Josafá tinha o costume de buscar a vontade de Deus. No 17.3,4 diz que
que ele procurou a Deus. Esta passagem nos mostra que no início de seu reinado,
ele buscou a Deus para conduzi-lo no reinado que lhe estava proposto. No
capítulo 18, vemos mais uma vez que Josafá buscou a Deus. Ele cometia seus
erros, e podemos perceber que fazer alianças, não era o seu ponto forte. Nesta
ocasião, ele está em aliança com um dos piores reis de Israel, Acabe (e no
capítulo 19 ele faz aliança com o ímpio rei Acazias). A ser convidado por Acabe
para entrar em uma guerra, ele pede que antes, Deus dissesse a eles se deveriam
ir ou não para esta guerra (18.4-6); e mesmo ouvindo a quatrocentos profetas
indicados pelo rei Acabe, ele pergunta: “Não
há, aqui, ainda algum profeta do Senhor, para o consultarmos”? No capítulo
19.1-3, o profeta o repreende por ter ele feito esta aliança, e apesar da repreensão,
há algo interessante que o profeta diz: “Contudo...
dispuseste o coração para buscares a Deus”.
Um servo piedoso não apenas
passará por adversidades, como elas poderão ser de grandes proporções. A
coalisão feita por Moabe, Amom e alguns dos meunitas constituiu em uma grande
multidão que viria lutar contra Josafá. O texto não diz nem a quantidade exata de
homens que estavam prontos para lutar contra o rei de Israel, mas o fato de
dizer que era uma grande multidão e pela reação que Josafá tem, já basta para
entendermos que era algo grandioso.
Vemos que ele era um homem
temente a Deus, e apesar disso, passou por grandes lutas. A nossa fidelidade a
Deus não constituirá em uma isenção de adversidades. No serviço do Senhor, as
lutas farão parte, independente de nossa fidelidade. O crente fiel passará por
experiências amargas, como perdas de pessoas queridas, acidentes graves com
sequelas a pessoas de nossa família, perda de emprego, parentes morrendo pela
dependência química, assaltos, doenças jamais imaginadas na família, roubos,
injúrias, injustiças e tantas outras situações. A fidelidade a Deus não o ausentará
destas lutas, mas certamente te fará passar por elas de forma diferente. Houve
(e ainda há) até quem quis justificar sua fidelidade comparada a dos ímpios, como
foi o caso de Asafe no Salmo 73, mas ele mesmo concluiu: “Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha mão direita” (v.
23).
O apóstolo Paulo chegou ao
final de sua vida, velho,
numa masmorra, solitário, sem amigos e com frio. Não vemos nenhum dos apóstolos
chegando ao final da vida, aposentado, cuidando de sua chácara. Pelo contrário,
todos eles viveram em meio a lutas e perseguições, mesmo sendo tão piedosos
como foram. As experiências do apóstolo Paulo o fizeram dizer: “aprendi a viver contente” (Fp 4.11). É
bem verdade que temos desejos, e alguns destes desejos são apresentados em
contextos de grandes adversidades, mas certamente poderemos contar com o
providencial amparado do nosso Senhor. Algumas das nossas lutas servem para nos
ensinar sobre a dependência de Deus.
É salutar perceber a postura do servo Josafá. Dos versos 3 a
13 ele nos ensina ricas atitudes. Ele sentiu medo (3), e este sentimento o leva
a fazer o que costumava fazer até então: buscar o Senhor.
Ele como líder, conseguiu
influenciar positivamente aquela comunidade. Enquanto vemos alguns líderes que
ao invés de ajuntar, espalham, Josafá reúne a congregação de todo o Judá para
este propósito. Os versos 5, 13, 14 e 26 mostram que a união do povo foi uma
boa atitude para aquele momento. A comunhão daquele povo os fizeram
experimentar uma diversidade de momentos especiais. Josafá louva a Deus pelo
Seu poder soberano (6) e pelas Suas dádivas (7-9). É uma atitude interessante e
importante em momentos de adversidades, pois Deus sempre deve ser louvado,
independente da situação, pois tudo deve ser para o Seu louvor. Josafá louva
pelo que o Senhor já havia feito na história e isso é terapêutico e didático,
afinal, lembrar os feitos do Senhor nos renovam a esperança em Deus, pois Ele
não muda e foi Ele quem escreveu nossa história e sabe muito bem como nos fazer
ter bom êxito.
Mas há ainda algo
interessante, após o seu louvor e antes de pedir auxílio ao Senhor, ele
apresenta ao Senhor as suas queixas (10-11). Ele de forma clara mostra sua
indignação com a atitude desta coalisão, afinal, o bem que eles receberam do
Senhor estava sendo retribuído com mal. Na saída do Egito, Deus conduziu os
hebreus e os fez passar de largo nestas cidades. Agora estes estavam
retribuindo com mal. É interessante pensar que Josafá com toda sua piedade, se
sentiu à vontade de abrir o coração para o Senhor e dizer a Ele do sentimento
que estava sentindo. Esta intimidade nos é ensinada de forma clara nos Salmos,
pois as orações mostram que podemos desfrutar da intimidade com o Senhor,
colocando diante Dele os nossos sentimentos amargos e nosso coração ferido. Josafá,
após seu desabafo, pede a ajuda a Deus, expressando por meio de sua oração, a
mais bela demonstração de dependência registrada na Bíblia: “não sabemos nós o que fazer, porém os
nossos olhos estão postos em ti” (12). Josafá mostra sua incapacidade, reconhece
que não tem o que fazer, está com medo, mas ainda tem um recurso: olhar para
Deus e buscar o Seu auxílio. É importante que em nossos ministérios, entendamos
que sem Jesus, nada podemos fazer (Jo 15.5). Esta foi a postura de Josafá e
deve ser a nossa também.
Há muitos outros princípios
a aprender neste texto. Mas há ainda um elemento que precisamos olhar com
atenção: A resposta de Deus (14-19).
Vemos a resposta de Deus vinda
de uma fonte inesperada, um levita, e não um profeta. Por vezes colocamos
diante de Deus algumas questões e achamos que as soluções serão de acordo com a
“porta” que enxergamos. Mas Deus tem pensamentos e caminhos maiores e melhores
dos que os nossos; aprendemos isso no livro do profeta Isaías 55.8,9: “Porque os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor,
porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus
caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais
altos do que os vossos pensamentos. Deus não está limitado à nossa forma de
resolução; Ele em sua onipotência e soberania tem caminhos que o homem não
poderia mensurar.
É interessante observarmos a
ordem dada por Deus, que é: Não tenham medo (15). Esta ordem é repetida no
verso 17. Não é somente aqui que vemos Deus respondendo aos seus servos com
esta ordem. Ela parece ser bem comum na Bíblia. Em Números 14.9 Josué encoraja
o povo após o relatório negativo dos espias. Neste contexto ele desafia o povo
a não ter medo. Em Deuteronômio 20.1-4, Moisés encoraja o povo para que em suas
batalhas não tivessem medo. Já em Isaías 41.10 está registrado: “não temas, porque eu sou contigo; não te
assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento
com a minha destra fiel”. Quando lemos Josué 1.1-9, vemos o mesmo Josué que
havia encorajado o povo, agora experimentando do mesmo encorajamento, porém
agora, vindo do próprio Deus. Por várias vezes neste texto, vemos o Senhor
encorajando a Josué. Deus queria retirar qualquer medo que porventura estivesse
no seu coração. Deus faz duas afirmações para Josafá e a primeira delas foi
dizer que a batalha não era dele (15, 17). Deus tinha uma aliança com Seu povo
e batalharia por eles. A outra afirmação foi a de que Deus estava presente com
eles: “O Senhor é convosco” (17). Em
Crônicas é possível perceber esta presença de Deus como forma de encorajamento (2Cr
13.12; 17.3; 32.7). São duas afirmações que deixam qualquer servo do Senhor em
paz. Mas não é apenas no AT que vemos isso, no NT percebemos este encorajamento
também. Em Mateus 28.20 diz: “...E eis
que estou convosco todos os dias até à consumação do século”. Em João
14.16,17 também encontramos este encorajamento: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, a fim de que
esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode
receber, porque não O vê, nem O conhece; vos O conheceis, porque Ele habita
convosco e estará em vós”. Este encorajamento é o que devemos lembrar
quando enfrentamos as adversidades do ministério. Cristo havia dito que
passaríamos por tribulações (Jo 16.33). E como é bom saber que não estamos sós!
O παράκλητος (paracletos) estará com
os seus para sempre!
Como Deus havia dito, a
peleja não seria deles. Isto é o que vemos a partir do verso 24. Aquela
multidão de guerreiros não passava de uma multidão de corpos mortos em terra.
Deus tinha pelejado por eles. Esta foi uma das vitórias mais memoráveis da
história de Israel, pois não foi sequer necessário uma gota de suor por parte
dos guerreiros de Israel. Deus providenciou que os inimigos se destruíssem
mutuamente. Quando vemos a batalha de Gideão com apenas trezentos homens (Jz
7), ficamos maravilhados! Mas a batalha de Josafá foi muito especial, pois Deus
foi quem lutara por ele. Creio que nem o mais piedoso dos homens de Josafá
pensou que Deus faria aquilo. Isso nos faz pensar que Deus não está
circunscrito às oportunidades que enxergamos. Ele pensa, vê e faz muito além do
que possamos pensar. Lembra da passagem pelo Mar Vermelho (Ex 14)? Lembra da
conquista de Jericó (Js 6)? É importante aguardarmos as instruções do Senhor e certamente
poderemos esperar pelo Seu agir.
Observando a história de
Josafá é impossível ser um cristão sem o exercício da dependência de Deus. Quando
Moisés questionou ao Senhor como falaria a Faraó, ele ouviu: “O Eu Sou é
contigo”! Paulo ao relatar aos Filipenses as suas experiências diversas, muitas
destas, adversas, ele diz o porquê de ter conseguido: “Tudo posso Naquele que me fortalece” (Fp 4.11-13).
A dependência é uma decisão bem sucedida.
Muito bem notado o que está a nossa volta, a tecnologia nos escravizando, como é o caso dos bancos nos forçar a utilizar aplicativos para movimentar nossa contas pela internet, notbooks que utilizamos para trabalhar e muitos outros exemplos, porém, é primordial lembrar-mos que, assim como diz a Palavra de Deus, "não somos deste mundo" e devemos "buscar as coisas que vem do alto", não nos deixando ser escravos da tecnologia, pois foi criada para facilitar nosso dia-a-dia, porém devemos lembrar, também, que nada disso levaremos para além túmulo e sim o crescimento espiritual.
ResponderExcluirQuerido Wagner, obrigado.
ExcluirMuito bom Deus continue abençoando sua vida e seu ministério.
ResponderExcluirObrigado Pr. Alessandro. Grande abraço!
ExcluirQue Deus te use mais e mais para nós edificação de todos
ResponderExcluirAmém! E que seja sempre p honra e glória do nosso Senhor.
ExcluirOlá. Bom dia. Muito obrigado pelo estudo. Depender de Deus não é uma coisa muito fácil, pois achamos que somos suficientes. Um abraço. Tenha uma segunda de primeira.
ResponderExcluirPr. Jailson, sem dúvida é um grande desafio! Obrigado pelo apoio.
ExcluirTexto maravilhoso e bem atual.
ResponderExcluirDelta, obrigado. Glória a Deus!
ExcluirSensacional pr. Exato. É impossivel ser um cristao se ter o exercicio total da dependencia de Deus. Dino. Cuiabá Nt
ResponderExcluirDino, é isso mesmo! Grande abraço!
ExcluirÓtima devocional Pastor! Sim, precisamos ser mais independentes do mundo e mais dependentes de Deus! Deus abençoe sua vida e seu ministério!
ResponderExcluirRafael, Obrigado! Abçs
ExcluirDe fato pr, a única certeza que podemos ter é a vida eterna para aqueles que creem na expiação pela cruz do calvário, e essa é a confiança que temos e a única satisfação verdadeira, ainda que projetos não se concretizem, ainda que casamento não de certo,, ou que amigos nos deixem, ainda que a vitória terrena não venha, nossa confiança é satisfação e Jesus Cristo. Que Deus continue a abençoa lo.
ResponderExcluirAmém! Obrigado pela atenção e carinho.
ExcluirMuito bom pastor Cícero que Deus continue te abençoando e que possa escrever mais.
ResponderExcluir